A cantora Antônia Amorosa, ex-presidente da FUNCAP, emite declaração sobre o posicionamento do mestre Zé Rolinha em relação ao Grupo Folclórico Lambe-sujos.
Seguindo a mesma linha do Poder Judiciário local e o Conselho Estadual de Cultura, a ex-presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê emitiu declaração e postou no grupo da Academia Sergipana de Letras e em seguida enviou à Secretaria Municipal de Cultura e Turismo para que seja repercutida a todos os laranjeirenses.
Confira na íntegra a declaração de Antônia Amorosa:
Prezados confrades,
Me permitam trazer uma reflexão no que diz respeito ao caso do mestre Zé Rolinha, importante personalidade cultural do município de Laranjeiras.
O grupo folclórico que hoje é considerado pela população laranjeirense como um folguedo pela dimensão do seu alcance na participação popular, possui lideranças – donos, não.
Há cada ano, o juiz da cidade reúne o grupo para resolver o impasse que se formou quando o mestre Zé Rolinha criou uma instituição privada, colocando o grupo em questão como um evento coordenado por uma presidência que não pode ser retirada, o que por si, já seria antidemocrática.
O processo que já foi julgado teve como parte interessada o próprio mestre que entrou com a ação e foi negada pela justiça. Entendo que nenhum de nós podemos avaliar uma situação desta natureza de forma mais clara do que o próprio povo de Laranjeiras, através dos brincantes e de quem participa mais de perto – nós somos meros expectadores deste maravilhoso espetáculo da cultura popular.
O mestre Zé Rolinha faz parte do grupo desde a década de 90, tendo outras personalidades no contexto cultural desta expressão que deve ser considerada, sobretudo por entendermos que não se faz um grupo com apenas um integrante que exclui e inclui o que desejar – foge ao modelo coletivo.
Esta manifestação vem antes do nascimento de todos que nela integra – formar dois grupos porque uma pessoa decidiu, se torna ainda mais complicada. Ou seja: o duelo entre os Lambe Sujos e caboclinhos parece sair da arena brincante para um controle de força. Qualquer semelhança com o propósito do grupo não é mera coincidência: é também um duelo ancestral e espiritual, (neste caso, opinião sensitiva).
Entendo que o Conselho Cultural do Município deve ter algum parecer sobre a questão onde sugiro que a Academia, sempre ativa e atalaia, caso queira entrar neste caso, o faça pelo trâmite coerente.
Ao mesmo tempo, pelo que sei desde antes, o mestre Zé Rolinha não é impedido de participar da festança – o que não está sendo aceito é o controle institucional, colocando um grupo popular de domínio público como sendo privado.
Deste modo, embora tenha pelo mestre Zé Rolinha profundo respeito, não posso concordar com este controle individual.
Concordo sim, que o povo, os brincantes, os demais líderes reconhecidos pela comunidade também sejam ouvidos para entendermos o contexto.
Ao mesmo tempo, insisto, na condição de uma academia que não situa no município, se posicionar sem analisar criteriosamente o processo, soa precipitado.
Portanto, por conhecer o outro lado da história – que não é político partidário, sim, um posicionamento dos brincantes e da população, recuo na assinatura de apoio ao mestre Zé, entendendo que o povo de Laranjeiras e o grupo sabem, como a essência do próprio grupo, duelar e brincar no dia da memória ancestral.
Opino, como uma Itabaianense que também tem em seu currículo, o título de cidadã laranjeirense, mas tendo igual respeito aos que pensam diferente.
11/10/2024, Antônia Amorosa
Com informações da Ascom PML
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