A isenção foi promessa de campanha de Lula e seria, inevitavelmente, anunciada até 2026. A divergência se deu em torno do timing do anúncio.
A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de anunciar a isenção do Imposto de Renda para quem ganha R$ 5 mil junto com o pacote de corte de despesas foi alvo de uma intensa controvérsia dentro do governo, opondo a equipe econômica a ministros palacianos e da área social, além do próprio PT.
A isenção foi promessa de campanha de Lula e seria, inevitavelmente, anunciada até 2026. A divergência se deu em torno do timing do anúncio.
Os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, e Simone Tebet, do Planejamento, defendiam que, nesse momento, o anúncio se concentrasse apenas no pacote de cortes de gastos, deixando para o ano que vem a apresentação das mudanças na tributação da renda. Já ministros palacianos e da área social eram partidários de um anúncio casado, para não passar a mensagem de que o governo estava fazendo o ajuste apenas no “andar de baixo”.
Um integrante da equipe econômica, de forma reservada, lamentou o anúncio conjunto do pacote e do IR, citando a reação negativa do mercado, com a disparada do dólar e dos juros futuros. “Foi desastroso. Tentamos, mas fomos derrotados pela ala política”, afirmou ao blog.
Já conselheiros de Lula que defenderam o anúncio simultâneo minimizam a reação do mercado e citam que a repercussão nas redes sociais tem sido muito positiva. “Com o tempo o mercado vai entender e vai se acalmar.”
Proposta e reação
A proposta anunciada por Haddad na quarta e detalhada nesta quinta-feira (28) prevê um corte de gastos de R$ 70 bilhões em 2025 e 2026. Entre as ações, estão uma limitação para o crescimento do salário mínimo, restrição para o abono salarial e uma alíquota de até 10% de imposto para pessoas que ganham mais de R$ 600 mil por ano.
Além do pacote de corte, o governo também propôs isentar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824. A medida é popular, mas vai na contramão de um ajuste fiscal.
No mercado financeiro, o anúncio combinado repercutiu mal e o dólar fechou em alta nesta quinta-feira, renovando o maior valor nominal da história: R$ 5,9891. Ao longo do pregão, a moeda americana bateu os R$ 6 pela primeira vez na história. Na máxima do dia, chegou a R$ 6,0029.
Fonte: Guilherme Balza do portal G1
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