sexta-feira, julho 26, 2024
InícioPolíticaReforma Eleitoral, veja o que muda com a aprovação

Reforma Eleitoral, veja o que muda com a aprovação

Deputados votam em segundo turno a PEC. Nesta terça, 17, acontece a votação em segundo turno da Reforma Eleitoral, e se for aprovada, segue para votação em dois turnos no Senado.

Os deputados federais já concluíram a votação em primeiro turno do texto da Reforma Eleitoral. Na próxima terça-feira, 17, acontece a votação em segundo turno, e se for aprovada, segue para votação em dois turnos no Senado.

O texto aprovado é um substitutivo da deputada Renata Abreu (Pode-SP) à Proposta de Emenda à Constituição 125/11 (PEC 125), que incluiu vários pontos que não estavam na proposta inicial.

Portal Infonet ouviu um especialista em política para explicar o que muda com a reforma. Para o professor doutor em direito político e econômico, Eduardo Macêdo, a Reforma Eleitoral não melhora o sistema político no país, pelo contrário, atende apenas aos interesses dos próprios políticos em se manter na função.

“A reforma eleitoral é como se fosse uma colcha de retalhos, mas além da confusão das cores dos retalhos, há vários tecidos diferentes que foram remendados e que se não unem, não tem harmonia. A colcha está toda torta. Não há vantagem para a sociedade, apenas atendem aos interesses pessoais”, afirma.

Coligações

Dentre os pontos mais debatidos nas comissões, estão o “Distritão”, que é o sistema de eleição majoritária (neste caso em questão voltado apenas para deputados estaduais, federais e distritais) segundo o qual apenas os mais votados são eleitos nos seus distritos; e o retorno das coligações partidárias. Os deputados retiraram do texto o trecho que fala sobre o Distritão, mas aprovaram o retorno das coligações para as eleições proporcionais de deputados e vereadores.

Dr. Eduardo explica que a proposta de eleições majoritárias para o legislativo vai de encontro ao retorno das coligações. “Há um choque entre as propostas. Um trata de eleger o mais votado e o outro de eleger pelo rateio dos votos. Claro que optaram pelas coligações, porque sozinhos os partidos não têm a mesma força. E mesmo não sendo eleitos, nas coligações existem os acordos políticos”, aponta.

Sobre o retorno das coligações,  Eduardo Macêdo entende como um retrocesso e enfraquecimento do sistema eleitoral. Para ele, a vontade do eleitor não é respeitada. “Nas últimas eleições municipais vários partidos pequenos trabalharam e conseguiram eleger seus candidatos, e isso só foi possível com o fim das coligações. Aqui em Aracaju, por exemplo, a vereadora Linda Brasil teve sete mil votos e foi eleita. Se tivesse coligação, mesmo sendo a mais votada, ela não entrava, e no lugar dela entraria alguém de uma coligação forte que teve 500 votos, por exemplo. Com as coligações a vontade do eleitor não prevalece”, critica.

Leia Também: Juca elenca avanços de sua gestão em entrevista ao JC

“O Brasil tem um sistema partidário, ou seja, é preciso defender os ideais dos partidos. E quando há as coligações, acabam os partidos e nascem as coligações que se unem para eleger mais candidatos e desvalorizam totalmente os partidos. Os partidos grandes se unem e os pequenos não têm vez. Isso que aconteceu na eleição de 2020 de partidos pequenos conseguirem representação nas Câmaras de Vereadores e Prefeituras, vai acabar com o retorno das coligações”, completa.

Voto em dobro

Também consta no texto da Reforma Eleitoral a contagem em dobro dos votos dados a candidatas e a negros para a Câmara dos Deputados, nas eleições de 2022 a 2030, para fins de distribuição entre os partidos políticos dos recursos do Fundo Partidário e do Fundo Especial de Financiamento de Campanhas (Fundo Eleitoral).

“Isso é uma fraude. O poder do voto é único, tem o mesmo peso e não pode ser dobrado. Isso é um absurdo. Ao invés de valorizar a mulher e incentivá-la a ingressar na vida política estão usando artifícios para burlar. Se é para fazer uma reparação, porque não incluir todas as minorias? O que está sendo feito é criar uma segregação dentro da segregação”, aponta.

Fundo Partidário

Outra situação que Dr. Eduardo aponta é o aumento do valor do fundo eleitoral que passa para R$ 6 milhões. “Outro absurdo. Quais os critérios para aumentar esse valor de R$ 2 milhões para R$ 6 milhões? Isso vai sangrar o orçamento público federal, esse valor vai para o TSE, que irá fazer o rateio para os partidos que tem maior bancada e os grandes partidos é que vão receber as verbas. Os pequenos continuam sem verba partidária e sem espaço”, ressalta.

Ponto positivo

Dentre tantos pontos da proposta, o especialista entende como positivo os critérios para apresentação de projetos de iniciativa popular. O texto reduz a quantidade de assinaturas necessárias para apresentação desse tipo de projeto.

“Atualmente a Constituição diz que para apresentar um projeto de iniciativa popular é preciso ter a assinatura de 1% do eleitorado, ou seja, 500 mil pessoas. O novo texto reduz para 0,3% do eleitorado, o que corresponde a 100 mil assinaturas. Isso é uma vantagem porque permite a sociedade apresentar mais projetos de leis de interesse popular”, finaliza.

Com informações de Karla Pinheiro, do portal Infonet.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Últimas Notícias